Acne é o termo médico usado para o diagnóstico de cravos e espinhas. É uma doença que costuma aparecer na puberdade devido à influência hormonal, mas pode surgir um pouco antes e também se estender até a idade adulta. Atinge tanto homens quanto mulheres. Tem origem inflamatória e acredita-se que tudo se inicia no comedão (vulgarmente chamado de cravo). Este comedão pode ser aberto (ponto enegrecido) ou fechado (ponto branco). A partir deste comedão, podem surgir pápulas (que o leigo chama de espinha interna) e pústulas (a espinha em si), nódulos (grandes lesões palpáveis e endurecidas) e cistos (cistos sebáceos). Daí vem a classificação da acne em grau 1 (comedoniana, ou seja, somente cravos), grau 2 ( comedões , pápulas e pústulas – cravos e espinhas) , grau 3 (comedões, pápulas, pústulas, nódulos) e grau 4 ( comedões, pápulas, pústulas, nódulos e cistos).
Vários são os fatores que influenciam o seu surgimento. Dentre eles, temos os fatores hereditários (pessoas na família que tenham a doença), alterações hormonais (naturais da puberdade, disfunções hormonais, como síndrome do ovário policístico, hiperplasia ou tumores da glândula supra-renal dentre outros), medicamentos (vitaminas B12, B6, B1e B2, corticóides tópicos e sistêmicos, anticoncepcionais e hormônios, iodo, bromo, isoniazida, rifampicina, fenobarbitúricos, hidantoína, lítio), produtos químicos (hidrocarbonos clorados,óleos solúveis,graxa,óleo de petróleo,alcatrão de hulha e alguns cosméticos muito oleosos , não só para o rosto, mas também para uso nos cabelos), muito calor, traumas mecânicos repetidos.
O diagnóstico é bem fácil, bastando examinar o paciente. Sempre é bom pedir exames de sangue caso a paciente se queixe de menstruação irregular, queda-de-cabelos, aparecimento de pelos na face e obesidade, para descartar causas hormonais. Geralmente acne na mulher adulta, após os 25 anos tem causa hormonal, mas também cosméticos usados erradamente contribuem.
Os tratamentos tópicos consistem nas substâncias como peróxido de benzoíla, ácido azeláico, retinóides (retinaldeído, isotretinoína, tretinoína ou ácido retinóico, adapaleno, tazaroteno), ácido glicólico, alfa-hidroxiácidos, ácido salicílico, nicotinamida, antibióticos tópicos (eritromicina, clindamicina). Sabonetes são adjuvantes e podem ser neutros ou à base de ácido salicílico, enxofre, peróxido de benzoíla, triclosan. Se a pele for sensível, prefiro os géis de limpeza, sem sabão. Os tratamentos sistêmicos são à base de hormônios, anti-hormônios, antibióticos (tetraciclina, eritromicina, minociclina, limeciclina, doxiciclina, azitromicina), corticóides orais e isotretinoína oral. São medicamentos que necessitam de avaliação e acompanhamento médicos, muitas vezes com exames de sangue periódicos (quinzenalmente ou mensalmente).
Existem também os peelings químicos que melhoram a inflamação e a queratinização (formação da camada mais superior da pele, melhorando também os cravos), além de estimularem a produção de um colágeno novo e atenuar pequenas marcas. Se o paciente ficar com muitas cicatrizes, depois do tratamento pode optar por, preencher as cicatrizes distensíveis e utilizar LASER ou peelings para igualar mais a superfície cutânea.
Os pacientes devem evitar produtos oleosos e procurar usar substâncias oil-free (livres de óleo), não comedogênicas (que não produzem cravos), geralmente em forma de gel, principalmente os filtros solares. A pele oleosa geralmente não necessita de hidratantes e seu ressecamento é desejável. O uso de substâncias como Hipoglós e Minâncora são muito espessas e oleosas e podem piorar a situação, obstruindo os poros e causando mais cravos e espinhas.
Por último, gostaria de ressaltar que o tratamento da acne requer muita paciência e persistência, muitas vezes levando meses ou anos para a sua completa resolução.